terça-feira, 9 de abril de 2013

Como Meditar


O objetivo da meditação é tornar nossa mente calma e pacífica. 


                                                                         

Com a mente serena, livramos-nos das inquietações e do desconforto mental e sentimos verdadeira felicidade; mas se nossa mente não estiver em paz, não conseguiremos ser felizes, mesmo que nossas condições externas sejam excelentes.

Se treinarmos em meditação, aos poucos nossa mente vai se acalmar e experienciaremos uma forma de felicidade cada vez mais pura. Por fim, conseguiremos permanecer contentes o tempo todo, até nas mais duras circunstâncias.

Em geral, é difícil controlar a mente. Ela é como um balão ao sabor do vento – vai de um lado para outro, soprada por circunstâncias exteriores. Se as coisas vão bem, a mente fica feliz; se vão mal, reage tornando-se infeliz. Mesmo quando estamos felizes, essa felicidade não é completa. Por exemplo, quando obtemos algo que desejamos, uma aquisição ou um novo parceiro, ficamos excitados e nos apegamos a isso.

Porém, como não é possível obter tudo o que desejamos e como estamos condenados a ser separados de nossos amigos e posses, o apego, ou grude mental, só serve para nos causar dor. Por outro lado, quando não obtemos aquilo que desejamos ou perdemos algo de que gostamos, somos tomados por desânimo e irritação.

Se formos obrigados a trabalhar com alguém que detestamos, ficaremos bravos e nos sentiremos prejudicados. Como resultado, nosso rendimento será afetado e o dia no trabalho se tornar-se-á estressante e insatisfatório.

Essas oscilações de humor ocorrem porque estamos intimamente envolvidos com as situações exteriores. Parecemos uma criança que, construindo um castelo de areia, sente entusiasmo quando ele fica pronto, mas, logo a seguir, se decepciona ao vê-lo ser destruído pela maré.

Treinando em meditação, criamos espaço e clareza interiores, que nos capacitam a controlar nossas mentes, quaisquer que sejam as circunstâncias externas. Pouco a pouco, tornamo-nos capazes de substituir nossa mente desequilibrada, que oscila entre os extremos do excitamento e da decepção, por um equilíbrio mental, isto é, uma mente estabilizada que está feliz o tempo todo.

Se treinarmos em meditação de maneira sistemática, seremos capazes de erradicar as delusões – causas de todos os problemas e sofrimentos. Desse modo, atingiremos um estado de permanente paz interior, conhecido como “libertação ou nirvana”. Então, dia e noite, vida após vida, vamos experimentar unicamente paz e felicidade.

Para ler mais sobre este assunto, veja o Novo manual de meditação, Transforme sua vida, e Oito passos à felicidade.

No que meditar?

Em geral, qualquer objeto virtuoso pode ser usado como objeto de meditação.

Se, ao familiarizar nossa mente com um determinado objeto, verificarmos que ela se torna mais serena e virtuosa, saberemos que, para nós, aquele objeto é virtuoso. Se acontecer o oposto, isso significa que, para nós, ele é não-virtuoso. Há ainda objetos que são neutros e não exercem efeito positivo nem negativo sobre nós.

Existem muitos objetos virtuosos de meditação, mas os mais significativos são os 21 objetos de meditação do Lamrim:

o 1. Nossa preciosa vida humana

o 2. Morte e impermanência

o 3. O perigo de um renascimento inferior

o 4. Prática de refúgio

o 5. Ações e seus efeitos

o 6. Desenvolver renúncia pelo samsara

o 7. Desenvolver equanimidade

o 8. Reconhecer que todos os seres vivos são nossas mães

o 9. Lembrar a bondade dos seres vivos

o 10. Equalizar eu e outros

o 11. As desvantagens do auto-apreço

o 12. As vantagens de apreciar os outros

o 13. Trocar eu por outros

o 14. Grande compaixão

o 15. Tomar

o 16. Grande amor

o 17. Dar

o 18. Bodichita

o 19. Tranqüilo-permanecer

o 20. Visão superior

o 21. Confiar em um Guia Espiritual

Meditamos sobre nossa preciosa vida humana para compreender que, agora, temos uma oportunidade especial de praticar o Darma; se apreciarmos o grande potencial desta vida, não a desperdiçaremos envolvidos em atividades sem importância.

Devemos meditar sobre morte e impermanência a fim de não mais adiar nossa prática de Darma e garantir sua pureza, evitando misturá-la com interesses mundanos; se praticarmos o Darma puramente, não será difícil atingir realizações.

Com as meditações sobre o perigo dos renascimentos inferiores, tomar refúgio sinceramente, evitar não-virtudes e praticar virtudes, estaremos nos protegendo de nascimentos inferiores e garantiremos que, vida após vida, teremos um precioso nascimento humano, dotado com todas as condições conducentes à prática de Darma.

É preciso meditar sobre os sofrimentos dos seres humanos e dos deuses para desenvolver o desejo espontâneo de atingir libertação permanente ou nirvana. Esse desejo, conhecido como renúncia, encoraja-nos fortemente a completar a prática dos caminhos espirituais, os métodos efetivos para atingir a plena libertação.

Meditamos sobre amor, compaixão e bodichita para superar o auto-apreço e conseguir gerar e manter bom coração em relação a todos os seres vivos.

Com esse bom coração, devemos meditar sobre o tranqüilo-permanecer e a visão superior a fim de erradicar nossa ignorância. Então, abandonando os dois tipos de obstrução, nos tornaremos um Buda.

Ao confiar em um Guia Espiritual qualificado, abrimos a porta para praticar o Darma. Por meio de suas bênçãos, geramos fé e segurança em nossa prática e atingimos com muita facilidade todas as realizações das etapas do caminho. Por esses motivos, precisamos meditar sobre confiar em um Guia Espiritual.

Essas meditações, juntamente com as instruções de como praticar, bem como o material básico essencial para a prática, podem ser encontrados no Novo Manual de Meditação

Postura de Meditação

Para meditar, temos de nos sentar confortavelmente e adotar uma postura correta.

O aspecto mais importante da postura consiste em manter as costas eretas. Para tanto, devemos manter a parte de trás de nossa almofada mais elevada, de modo que nossa pélvis fique ligeiramente inclinada para a frente.

Não é necessário, logo de início, sentar-se com as pernas cruzadas; mas é bom habituar-se com a postura de Buda Vairochana. Se não pudermos mantê-la, devemos nos sentar da maneira mais parecida possível, desde que estejamos confortáveis.

As sete características da postura de Vairochana são:

1 Pernas cruzadas na posição vajra, o que nos ajuda a reduzir os pensamentos e os sentimentos de apego desejoso;

2 Mão direita apoiada sobre a esquerda, palmas para cima, com as pontas dos polegares um pouco levantadas, tocando-se ligeiramente. As mãos devem estar cerca de quatro dedos abaixo do umbigo, o que nos ajuda a desenvolver uma boa concentração. A mão direita simboliza o método e a esquerda, a sabedoria; as duas juntas simbolizam a união do método e da sabedoria. Os polegares na altura do umbigo simbolizam o arder do fogo interior;

3 Costas eretas, mas sem tensão. Isso ajuda-nos a desenvolver e manter a mente clara e permite a livre circulação dos ventos sutis internos de energia;

4 Lábios e dentes na posição normal, com a língua tocando a parte posterior dos dentes superiores. Isso impede salivação excessiva e previne o ressecamento da boca;

5 Cabeça um pouco inclinada para a frente, com o queixo ligeiramente abaixado, de tal modo que o olhar dirija-se para baixo. Isso ajuda a evitar o excitamento mental;

6 Olhos entreabertos, fitando a linha do nariz. Se ficarem muito abertos, desenvolveremos excitamento mental; se ficarem fechados, desenvolveremos afundamento mental;

7 Ombros emparelhados e cotovelos ligeiramente afastados do corpo, permitindo que o ar circule.

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